segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

GÁLATAS, À LUZ DA BÍBLIA

A circuncisão (que se tornou o sinal pessoal da fé de Abraão) foi uma especial maneira criada por Deus, um sinal de separação do mundo, um símbolo de santidade para tornar Seu povo diferente dos idólatras.
Isso tornou-se um orgulho tão grande para os judeus – uma simples prática exterior – tão idolatrada, que sobrepujou a visão de que a circuncisão que tem valor de fato é a do coração, isto é: A transformação do caráter.
Efetivamente, a maior negação desta fé foi denunciada por Jeremias (Jer. 9:26), quando revelou não haver diferença entre pagãos e o “povo circuncidado” de Deus. “A forma exterior substituíra a experiência do coração.”
“O princípio de que o homem pode salvar-se por suas próprias obras, o qual jaz à base de toda religião pagã... onde quer que seja mantido, os homens não têm barreira contra o pecado.” – Ellen G. White, o Desejado de Todas as Nações, pág. 25.
“Se Satanás puder ser bem sucedido em levar o homem a dar valor às suas próprias obras como obras de mérito e justiça, ele sabe que pode vencê-lo por suas tentações e torná-lo sua vítima e presa... Marquemos os umbrais das portas com o sangue do Cordeiro derramado no Calvário, e estaremos a salvo.” – Ellen G. White, Review And Herald, 3 de Outubro de 1889.
Esboço da Epístola aos Gálatas segundo o Dicionário Bíblico, editado pela Imprensa Bíblica Brasileira:
I – A autoridade apostólica de Paulo e a revelação por ele recebida justificam o evangelho da salvação pela Graça, contra o espúrio ensinamento dos legalistas (1:1-2 e 14).
II – A justificação que provém da Graça divina pela fé humana, e não pelas obras infrutíferas da lei, vindica o Evangelho de Cristo (2:15; 4:31).
III – Com ardorosas exortações Paulo concita os galátas a permanecerem firmes na liberdade e na espiritualidade da Graça (cap. 5 e 6).

CIRCUNCISÃO
“Quando Ismael estava com a idade de treze anos, Abrão e todos os homens de sua família foram circuncidados. No Egito a circuncisão fora praticada em data memorável, no entanto tornou-se o selo do pacto entre Deus e a descendência de Abrão, cujo nome, ao mesmo tempo, foi mudado para Abraão, significando assim que ele não era mais babilônio.” – Dicionário Bíblico da Imprensa Bíblica Brasileira.
Quando Abraão foi justificado (Gên. 15:6) não era circuncidado, fato que aconteceu posteriormente. Consequentemente, tornou-se Abraão pai de circuncisos e incircuncisos. Abraão não foi salvo pela circuncisão. Ele foi salvo pela Graça, aceita pela fé. A circuncisão era o sinal ou selo da experiência salvadora. Após a Cruz, a circuncisão como rito religioso é desnecessário (Romanos 2: 28-29).
A primeira referência e o estabelecimento da circuncisão como pacto entre Deus e Abraão estão em Gênesis 17:10-14.
Paulo usou em todas as suas epístolas as seguintes palavras:
CIRCUNCIDAR – DOZE VEZES
CIRCUNCISÃO – VINTE E SEIS VEZES
INCIRCUNCISÃO – NOVE VEZES
CIRCUNCISO – CINCO VEZES
INCIRCUNCISO – SETE VEZES
(Total: 59 vezes)

Somente na Epístola aos Gálatas, Paulo mencionou dezesseis vezes a circuncisão. Sendo que o livro de Gálatas contém seis capítulos, temos a média de três palavras por capítulo.
O livro de Gálatas tem sido usado como coluna mestra para a aceitação do cancelamento, destruição e término da “lei” por Cristo Jesus. Por isso nada mais lógico que estudá-lo, tim-tim por tim-tim, a fim de sabermos se realmente é como se diz. Vamos ver.
O escritor de Gálatas foi o comentado apóstolo Paulo, cuja descendência, origem e ministério já conhecemos bem (consulte pág. 348, parág. 8). Servindo-nos do Dicionário Bíblico da Imprensa Bíblica Brasileira, temos a seguinte descrição a respeito da epístola de Paulo aos Gálatas:
“Paulo apreciava muito todas as suas igrejas, todavia, tinha excepcional simpatia para com as da Galácia. Durante sua ausência, professores judaizantes tiveram acesso a elas e nelas insuflaram a perniciosa heresia de que somente pela porta do judaísmo é que se podia entrar no aprisco cristão. A natureza desses argumentos convenceu a Paulo de que ele se defrontava com uma grande crise e, se o cristianismo havia de ser a religião universal, e não meramente uma seita judaica, teria de ser esclarecida, duma vez por todas, a relação entre Cristo e a Lei Mosaica.” – Grifos meus.
Esta bela descrição leva-nos à época do autor e coloca-nos a par do problema que motivou a Paulo sua famosa epístola. “Professores Judaizantes” estavam corrompendo o rebanho, fazendo-o voltar à escravidão das cerimônias estatuídas por Moisés.
Considerando ainda o dicionário focado a respeito dos JUDAIZANTES, encontramos nele esta significativa referência:
“Nome dado entre os primitivos cristãos àqueles que não podiam crer que tudo o que se concedera ao homem pela LEI fosse-lhes então, transmitido de maneira mais ampla por meio do EVANGELHO. Assim insistiam na circuncisão como o meio de outorgar ao homem o direito de crer em Jesus como Salvador de Israel” – (Grifos meus).
Você, caro amigo, como um bom e correto cristão, que está interessado em crescer na fé, e se assemelhar ao máximo ao Senhor Jesus, por certo, depois de já ter lido os capítulos anteriores, estará em condições de compreender com sinceridade o que Paulo tinha em mente ao escrever Gálatas. Por favor, não esqueça que estamos diante de uma igreja onde, estando seu pastor, Paulo, ausente, fica à mercê de homens maus, “professores judaizantes” arraigados a dogmas cerimoniais abolidos por Cristo. E, em especial, nesse particular, o motivo principal da epístola foi exatamente o ponto que com maior volúpia pregavam os tais “professores judaizantes”: a circuncisão. Imploro-lhe não esquecer esse detalhe.
Recorramos novamente ao Dicionário Bíblico mencionado, e o consultemos a respeito da palavra “lei”, largamente usada nessa epístola. Diz ele:
“A lei continha dois elementos. O eterno e o efêmero. Um elemento é eterno, portanto, trata da moral, que não muda. Encontramo-lo nos Dez Mandamentos, frequentemente denominados o Decálogo, e em estatutos com este relacionado. O elemento efêmero compõe-se de leis, tanto civís como cerimoniais. Evidentemente as leis civis se mudariam ou se revogariam segundo as mudanças na vida da nação e nas suas relações com os povos vizinhos. E as leis cerimoniais cuja finalidade era ensinar por meio dos sacrifícios e cultos ritualísticos o desígnio redentor de Deus, haveriam de terminar com o advento do Messias, cuja obra de redenção esse ritualismo prefigurava, e hoje os cristãos têm certeza de que Cristo veio a ser o cumprimento e o fim da lei.” – Grifos meus.
Logicamente, segundo a palavra fidedigna do citado Dicionário Bíblico, se a Lei Moral dos Dez Mandamentos é eterna e não muda, que lei então seria essa da qual nós, os cristãos, temos certeza que Cristo tornou-Se o cumprimento e o fim? Evidente, aquela que o próprio dicionário classifica de cerimonial, e “cuja finalidade era ensinar por meio dos sacrifícios e cultos ritualísticos o desígnio redentor de Deus”, ou seja, que prefigurava a morte de Jesus. Por essa tão bela e tão bem colocada referência à “lei”, agradeçamos ao autor do Dicionário Bíblico que estamos usando.
O dicionário em foco é um compêndio da mais alta importância e imparcialidade, de autoridade ímpar, bem como de profunda responsabilidade evangélica. Tanto que é anexado à Bíblia impressa e distribuída pela Casa Publicadora Batista. E é ele que apresenta com tamanha clarividência algo que para muitos tem sido obscuro e continua encoberto, isto é: a diferenciação entre as leis da Bíblia. Menciona este bom dicionário, e ele foi claro, o seguinte:
1º) – LEI MORAL: Chamada de os Dez Mandamentos, ou Decálogo. Que não muda. É eterna.
2º) – LEIS CIVÍS: Poderiam mudar segundo a conveniência da nação israelita.
3º) – LEI CERIMONIAL: Sua finalidade única era ensinar a obra redentora de Jesus.
Portanto, neste estudo sobre Gálatas, deveremos partir da seguinte premissa: Não enfoca a epístola a Lei Civil, pois trata-se de tema religioso. A dificuldade, por conseguinte, enquadra as duas leis finais: Lei Moral ou Lei Cerimonial. Como não há mais dúvidas que existe distinção de leis na Bíblia (confirme lendo à página nº 79), alicerçados pelo citado dicionário, iremos a cada passo desvendar o mistério dos gálatas, e colocar a lei que é mencionada na epístola no seu devido lugar, e isso com sua ajuda e paciência, meu amado irmão.
Gálatas 1:13-14
“Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade; sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.”
Paulo, irritado, tomou conhecimento dos tais “professores judaizantes” e de sua herética e nefanda obra. Sendo o apóstolo profundo conhecedor de suas heresias, e sobremodo a elas contrário, discorre ao início de sua epístola aos gálatas, a sua condição inicial, como grande praticante daquela seita, o judaísmo. Como seu membro efetivo, antes do encontro com Cristo, fora ele, como se disse: “extremamente zeloso das tradições” de seus pais, daí entendermos seu descontentamento e preocupação com os cristãos da Galácia, pois sabedor que era daquelas infindáveis cerimônias, se novamente aceitas, iriam tirar a liberdade concedida pelo evangelho de Cristo, e de alguma forma, obliterar o cristianismo que crescia com bases sólidas na Galácia antes do acesso dos “professores judaizantes”.
No limiar da epístola, notamos a acentuada preocupação de Paulo, bem como sua profunda admiração ao notar que os gálatas apressadamente deixaram o evangelho que lhes pregou, revogando a Graça de Cristo e voltando-se àquilo que tachou de anátema (Gál. 1:6-9). Paulo era contrário de “corpo e alma” ao judaismo (ritualismo cerimonial judaico), porque em pouco beneficiou, e ademais fora cancelado para sempre com o sacrifício de Jesus.
Ainda no preâmbulo que fez Paulo para introduzir sua epístola, entendemos de sua leitura e podemos até visualizar o judaizante Saulo de Tarso, com todo zelo e dedicação empunhando sua ensanguentada espada, munido das cartas dos sacerdotes judaizantes, para matar os crentes em Cristo. Mas, no caminho de Damasco, dá-se o feliz encontro do judaizante Saulo com Aquele que cancelou tal sistema religioso. Esse encontro marcou-o para o resto da vida, não somente pelo quadro maravilhoso de ver a Jesus, mas porque sua vista ficou defeituosa enquanto viveu, dado o resplendor da glória do Senhor Jesus. Saulo morreu. Acabou para ele o judaismo. Nasceu Paulo, a glória do cristianismo, o apóstolo dos gentios.
Totalmente transformado, verdadeiramente convertido ao cristianismo, Paulo tomou sua Bíblia e rumou para os campos missionários, sempre fazendo discípulos e construindo igrejas, até que, depois de quatorze anos de sua conversão ao cristianismo e consequente rejeição do judaismo, conta ele:
Gálatas 2: 1,3-4
“Depois, passados quatorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo a Tito... Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão.”
Paulo, completamente transformado, está em Jerusalém. Quando aceitou a Cristo como Salvador, abandonou o judaismo e as cerimônias que, se necessárias antes, tornaram-se inúteis após a morte de Jesus. E isto foi objeto de repulsa da parte dos judeus cristãos, que Paulo depois de longa ausência revia na Cidade Eterna, os quais eram, ainda, partidários e afeitos às cerimônias rituais, e entre elas, a circuncisão tinha predominância.
Gálatas 2: 7-9, 12-13
“Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (porque Aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, Esse operou também em mim com eficácia para os gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão... Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os da circuncisão. E outros judeus dissimulavam com ele (Pedro), de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação (de Pedro).”
Observe meu amado, que a discussão, o elemento que gerou tanta confusão e polêmica, foi simplesmente um dogma daquela “lei” que o Dicionário Bíblico classifica de Cerimonial e que foi abolida com a morte de Jesus. Entretanto, ainda estava causando tanta discussão, e o que é lamentável, entre os próprios discípulos. Sem sofismar, a “barafunda” criada aí foi pura e simplesmente por causa da CIRCUNCISÃO. É o elemento predominante em toda a epístola. Tanto é verdade que Paulo, o declarado inimigo do judaismo, irá tomar uma atitude à altura de sua posição de apóstolo chamado por Jesus. Ouça-o:
Gálatas 2: 14
“Mas quando vi que não andavam bem e direitamente, conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?”
VAMOS RELEMBRAR: No verso 4, Paulo menciona estarem os irmãos secretamente voltados a “espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão.” Em outras palavras, o homem que crê no sacrifício de Jesus e O aceita como Salvador pessoal já não está preso àquela multidão de cerimônias e rituais que faziam parte da Lei Cerimonial, já não está cativo, mas tem liberdade. Liberdade concedida pelo evangelho, mediante a expiação do Filho de Deus. Esta liberdade os judaizantes não aceitavam para si e para ninguém.
Após o Calvário não era preciso mais proceder a nenhum dos rituais exigidos pela Lei Cerimonial, e muito menos circuncidar-se, pois tal sistema era o antítipo que apontava para o tipo (Jesus). Assim, com a morte vicária de Jesus tornou-se de nenhuma importância, inútil e sem valor a lei Cerimonial. Na transição do judaismo para o cristianismo, a circuncisão teve fim, e o batismo por imersão ocupou seu lugar. Col. 2:11-12.
Pedro até que compreendia assim, porém, para agradar a “gregos e troianos”, como disse Paulo – “dissimulava”, e por isso foi repreendido duramente na frente de todos. Mas, na verdade, novamente afirmo: Tudo isso por causa da circuncisão, que era parte integrante e destacada da Lei Cerimonial.
O verso seguinte, emitido por Paulo, imediatamente após admoestar a Pedro, tem sido incompreendido pelos irmãos em geral, porque não o comparam com o con-texto geral da epístola. Todavia, para você agora ele vai falar diferente, com certeza.
Gálatas 2: 16
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.”
Paulo como que franze a testa, olhando para Pedro e os demais apóstolos e discípulos, cheio do poder espiritual, mostra-lhes o valor do evangelho. CIRCUNCISÃO era uma exigência da Lei Cerimonial, necessária antes de Cristo. Mas, após a morte do Senhor, cumprir esse ritual era buscar JUSTIFICAÇÃO PELAS OBRAS. Isto é: justificar-se a si por méritos próprios.
A prática da circuncisão após a cruz, era negar a eficácia do sangue remidor de Jesus, bem como contraditar o evangelho da justificação pela fé no sacrifício expiatório de Jesus. Por isso Paulo enfatiza:

“PELAS OBRAS DA LEI NINGUÉM SERÁ JUSTIFICADO”
Corretíssimo. A Lei Cerimonial não se compunha somente do dogma da circuncisão, mas de uma infinidade de cerimônias. Porém, o problema traumatizande dos gálatas, a balbúrdia entre aqueles bons irmãos da Galácia, é por causa da CIRCUNCISÃO. Este é o tema borbulhante da epístola.
Gálatas 2: 21
“Não aniquilo a Graça de Deus, porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.”
Antes do advento do Messias Jesus, Deus dera aos judeus, em especial, um ritual maravilhoso. Um conjunto de cerimônias, acompanhadas de variadas ordenanças, denominado de Lei Cerimonial. Sua obrigação era exigível, pois todo o cerimonial apontava para Jesus. Era portanto necessário até que Ele viesse.
Vindo, porém, o Filho de Deus, todo aquele impressionante e provisório sistema ritualístico, tornara-se inútil, pois era sombra de Jesus (Heb. 10: 1). Paulo compreendeu assim, e colocou em prática sua fé. Por isso, indignou-se ao ver, agora, novamente os discípulos voltarem a circuncidarem-se.
Mais irritado ficou Paulo, ao notar os próprios apóstolos presenciarem essa disposição de suas ovelhas e nada fazerem. Permaneciam inertes. Daí ocasionar-lhe repulsa tal que o levou a repreender não somente os discípulos mas também a Pedro. Como, pensava Paulo, poderiam homens que tiveram o Plano de Salvação tão claro e detalhado seu cumprimento na morte vicária de Jesus, voltarem agora aos rituais abolidos? E se a prática desses ritos pudesse justificar o oferente, então Jesus morreu em vão, asseverava Paulo.
Ressalte-se que a “lei” focada ainda é a Lei Cerimonial, pois tudo está dentro do mesmo escopo e é uma sequência do pensamento discorrido por Paulo no capítulo 2. Muitos irmãos, hoje, utilizam este texto (Gálatas 2: 21), para anular a Lei Moral. Mas, como você vê, não é o correto. Isolando este texto do contexto geral da epístola, ele perde seu sentido real. Separá-lo do contexto é cortar o fio da meada. É destruir o pensamento proposto e ardorosamente defendido por Paulo.
O capítulo 3 desta epístola é dramático para o apóstolo.Veja:
Gálatas 3: 1-5
“Ó insensatos gálatas! QUEM VOS FASCINOU para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi representado como crucificado? Só quisera saber isso de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que obra maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?”
Paulo está muito aborrecido com os “professores judaizantes” que em sua ausência infiltraram na Igreja da Galácia os dogmas cerimoniais, dando, preferencialmente, mais peso a circuncisão. Qualifica os gálatas de “insensatos”, e quem não concorda? Imagine: Receberam do apóstolo o evangelho da liberdade, liberdade que os isentara de continuar matando animais para se justificarem, porém, voltam a oferecer as mais variadas ofertas, praticando o desnecessário rito da circuncisão, tudo aquilo que Jesus abolira em Sua morte na cruz.
Ainda assim, até aqui, a “lei” que está em foco é clara, insofismável e definida: é a Lei Cerimonial, enfatizada pelo Dicionário Bíblico como abolida por Cristo. E dessa lei, a “ordenança” que gerou tamanha confusão foi a circuncisão. Certo?
O versículo seguinte a ser estudado exige de nossa parte, para compreendê-lo, muita humildade, sinceridade e lealdade para com a Bíblia. Dada à sua soleníssima mensagem, deve-se ao lê-lo despir-se de todo preconceito denominacional, bem como desarmar-se de toda idéia pré-concebida. Eu fiz isso, um dia, graças a Deus!
Este versículo é mais uma peça saliente na epístola aos Gálatas, o centro e a rocha de que se valem milhares de bons irmãos de todas as religiões cristãs, para aceitar que a Lei Moral dos Dez mandamentos foi abolida, que Paulo é contrário a ela. Evidentemente é inegável que Paulo demonstra repulsa por uma lei. Mas... qual lei?
Você verá que, sem isolar o versículo do seu contexto, ficará fácil entendê-lo e descobrir que lei ele enfoca. Isso só é possível, pois estamos com a humildade de um sincero estudante da palavra de Deus, desenvolvendo o pensamento de Paulo, não é? Portanto, conhecedores que somos dos fatos iniciais da espístola, estamos cabalmente em condições de compreendê-lo. Vamos ler:
Gálatas 3: 10
“Todos aqueles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.”
Se tivéssemos aberto a Bíblia agora, tomado de lá este versículo e, após fechá-la, o lêssemos, ele “falaria” diferente. Felizmente, nós estamos estudando toda a epístola, e por isso a mensagem dele para nós agora será aquela que Paulo queria de fato transmitir, e não a mensagem isolada que parece, encerra o versículo, e que tem enganado tanto crente sincero.
Convidamos o irmão a parar aqui e ler ou reler o capítulo A SANTA LEI DE DEUS e as MÁXIMAS PAULINAS, isto é, se você ainda tiver dúvidas quanto à “lei” que Paulo focaliza nesta epístola; mas se tudo está claro aos seus olhos, caminhe. Saliento, entretanto, para que o irmão grave bem, que a lei exaustivamente enfocada por Paulo nesta epístola, e especialmente neste verso, é a lei que o Dicionário Bíblico qualifica de Lei Cerimonial, porque:
• Quem pratica ou guarda seus mandamentos está sob maldição. Logicamente não poderá ser jamais a Lei Moral dos Dez Mandamentos que o Dicionário Bíblico disse ser eterna e que não muda. Sim, porque nestes Dez Mandamentos, que foram divididos sabiamente em duas partes pelo Criador, os quatro primeiros dizem respeito à nossa obrigação para com Deus, e os seis restantes, para com o nosso próximo. Portanto, amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e pensamento, é cumprir os primeiros quatro mandamentos da primeira tábua de pedra. E amar nossos semelhantes como a nós mesmos é cumprir os seis restantes da segunda tábua de pedra. Por favor, responda-me: Isso é ser maldito? Amar a Deus e ao próximo que são os reclamos da Lei Moral é estar sob maldição? – Claro que não! Correto?
• Essa lei que Paulo menciona foi escrita em um livro (II Crôn. 35:12). Portanto, só isso bastaria para que todos compreendam que essa lei focada pelo apóstolo na epístola dos Gálatas é a Lei Cerimonial, porque a Lei Moral dos Dez Mandamentos foi escrita pelo próprio Deus e em PEDRAS (Êxo. 31: 18). Evidentemente, pedra é granito, livro é pergaminho, pele de animal e casca de madeira. Bem diferente! Ademais, quem escreveu esta lei insistentemente abordada em Gálatas, não foi Deus, e sim Moisés. É o que descobriremos agora, quer ver?

Deuteronômio 31: 24
“E aconteceu que, acabando Moisés de escrever as palavras desta lei NUM LIVRO, até de todo as acabar.”
Paulo queria e precisava urgentemente livrar das garras dos “professores judaizantes” o seu indefeso rebanho e, para tal, tenta com toda a força do coração tirar da sua mente a inútil observância de uma “lei” que já fora caducada e abolida pela morte de Cristo (Col. 2:14; Efé. 2:15). Por isso que, no discorrer de todo o capítulo 3, fomenta a incapacidade da Lei Cerimonial para justificar o homem. Esse papel só a Jesus compete. Entretanto, esta lei, já que foi dada, teve o seu valor e desempenhou o seu papel, mas necessariamente teria que findar quando realizasse toda a obra para a qual fora criada. Assim, pois, é que diz Paulo:
Gálatas 3:24
“De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.”
A Lei Cerimonial, enfadonhamente mencionada por Paulo em Gálatas e referendada pelo Dicionário Bíblico da Imprensa Bíblica Brasileira, que muito nos está auxiliando, constituía-se de muitas cerimônias e não somente da circuncisão, que foi a pedra de tropeço dos gálatas. Essas cerimônias foram criadas para desenvolver no homem, ao praticá-las, a fé no Messias que viria futuramente. Dentre elas, talvez, a mais contundente e que falava mais profundamente ao coração do judeu, pelo menos Deus desejava que assim fosse, era o sistema sacrifical. Ao transgredir um dos Dez Mandamentos, o homem deveria morrer. Essa era a exigência da Lei Moral; entretanto, o pecador tinha uma “válvula de escape”. Ele não precisaria morrer, bastava que providenciasse um substituto, que devia ser um cordeiro sem manchas ou defeitos físicos.
Tomava então o pecador o animalzinho em seus braços e o levava ao sacerdote, no templo. Este, por sua vez, dispunha-o sobre o altar, e o pecador colocava suas mãos sobre a cabeça do animal e confessava seu pecado, após o que, com suas próprias mãos, imolava a indefesa vítima de seu pecado, vendo o sangue jorrar por entre as vísceras cortadas. Era um ritual marcante. Uma cerimônia cuja finalidade era mostrar ao homem que:
• Quem deveria morrer era ele, pois foi quem pecou.
• Deveria permanecer gravada em sua mente a hediondez do pecado. O pecado gera a morte. O pecado, aos olhos de Deus é tão aborrecível, malígno e abominável, que, para se obter o perdão, há a necessidade de derramamento de sangue.
• Deveria impressioná-lo aquela cena, ao contemplar naquela indefesa vítima a figura do Messias que o tanach profetizava. Compreender o papel do Messias em Se transformar na oferta viva pelo pecado, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João 1: 29.
Por conseguinte, a Lei Cerimonial era um conjunto de ritos criados por Deus para desenvolver a fé no futuro Messias e dessa forma abrir os corações para recebê-Lo e amá-Lo. Assim que, têm muita razão as palavras de Paulo: “A lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo”. Lógico, era sua única e específica função. Vindo porém Cristo, que necessidade havia de continuar? Nenhuma! Ao homem agora, bastava crer e aceitar aquela oferta viva, Jesus, fazendo dEle seu Senhor e Salvador; nada mais claro.
A beleza desse ritual dizia para os israelitas que, o sistema sacrifical constituía-se o evangelho. Mostrava-lhes o caminho para comungar com Deus e com Ele manter sempre um relacionamento amistoso. Sobretudo, desejava o Senhor impressioná-los com o centro desse sistema, que era a solene verdade que o pecado ocasiona a morte. Daí, durante todo o ano, no templo, diariamente, de manhã e à tarde, era oferecido em holocausto um animal.
Outrossim, deveriam compreender que o perdão do Céu só seria possível única e exclusivamente através da confissão do pecador e a intercessão do sangue; nesse caso, o sangue do animal imolado. Após o ritual, o pecador saía da presença do sacerdote. Estava perdoado. Justificado de suas faltas e pecados. Mas... qual foi o preço? A vida do animal. Portanto, o perdão custa caro. Isso deveria impressionar de tal forma o pecador que o levasse a viver em retidão e obediência aos Dez Mandamentos. Toda vez que qualquer israelita pecasse deveria seguir esses passos, e a cena se repetiria infindamente, até que surgisse Aquele que daria Sua vida para salvar o homem de seus pecados – Jesus – para quem apontava todo esse ritual.
Por outro lado, a Lei Moral também é o aio que leva o pecador a Cristo, quando ela o acusa por alguma transgressão de seus mandamentos, e este sente a necessidade do perdão, e o busca pela fé, na Graça de Cristo.
O capítulo 4 de Gálatas é fascinante em sua apologia. Paulo irá mostrar aquilo que para eu e você está claro: “O evangelho nos isenta da lei”. Mas... logicamente, da Lei Cerimonial. Não esqueça o que disse o Dicionário Bíblico. Assim é que no verso 4 do capítulo 4, diz Paulo: “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.”
Certíssimo! Ao nascer Jesus, o ritual mosaico, ou sistema sacrifical, estava em franco funcionamento, muito embora bem distante daquilo que o Senhor Deus pretendia. Os judeus perverteram todo aquele belo e tremendo ritual, e o transformaram em mero “caça-níqueis”. Os próprios sacerdotes se empenhavam em fomentar e incentivar o pecado, para que o pecador lhes comprasse as ofertas, que, para facilitar, já as tinham dentro das dependências do templo, transformando a Casa de Deus em um mercado barulhento e fedentino (o átrio era de fato um curral), para vendê-las ao preço que lhes conviesse (Mat. 21:12). Por isso está certo Paulo: Jesus nasceu quando este estado de coisas evidenciava-se. E para confirmar a palavra paulina, lembramos que os pais terrestres de Jesus seguiram todos os trâmites legais da Lei Cerimonial, inclusive circuncidando-O, dentro do prazo estatuído por Moisés. Portanto, “nascido sob a lei”, isto é: sob sua atuação e vigência, está claro.
Gálatas 4:5
“Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.”
Se a Lei Cerimonial apontava para Cristo, como afirma Paulo, pois era o seu único papel, Ele viria exatamente para tomar o lugar da oferta que era morta no ritual da manhã, da tarde e pelo pecado, e acabar com todos os símbolos que apontavam para Sua obra redentora. Por isso recebemos a “adoção de filhos”, ou seja: fomos criados à imagem de Deus; arrebatados pelo pecado, perdemos essa condição de filhos; entretanto, agora, arrancados das garras de Satanás, fomos “adotados” por Cristo, pelo Seu sangue e maravilhoso sacrifício na cruz do Calvário, graças à Deus! Paulo procurava insistentemente mostrar aos gálatas que, com a vinda do Messias Jesus, o homem não mais podia ser salvo sob o judaísmo, escorado na Lei Cerimonial.
O passo seguinte seria também difícil de dar, não fosse a maneira como estamos estudando esta epístola. Felizmente você e eu adotamos a maneira correta de estudar a Bíblia, não é? Assim é que, Gálatas 4: 9 e 10, estudado em concordância com o contexto, dentro da sequência do pensamento paulino, dará também sua mensagem certa, e não aquela que os pregadores de hoje estão ensinando, que não corresponde à verdade e, muito menos, ao desejo do apóstolo. Diz ele:
Gálatas 4: 9-10
“Mas agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses e tempos e anos.”
Tenho certeza que você sabe onde enquadrar “esses rudimentos fracos e pobres”. Naturalmente se você leu as MÁXIMAS PAULINAS, já bastaria. Entretanto, deixaremos bem gravado que a “lei” enfocada novamente por Paulo, agora neste capítulo, é aquela que o nosso bom dicionário bíblico diz ser: Lei Cerimonial, porque:
• Na sequência do pensamento de Paulo, está ele mostrando a inutilidade daquelas cerimônias introduzidas pelos judaizantes em sua ausência. Diz que é maldito (Gál. 3:10) todo aquele que praticar aquelas obras, depois que se tornaram obsoletas. Por outro lado, na Lei Moral não existem cerimônias. Ela enobrece o homem, moraliza-o, dignifica-o, daí não conter maldição.
• Menciona Paulo que a Lei Cerimonial foi escrita em um livro (Gál. 3:10), ao passo que a Lei Moral foi escrita em blocos de pedra (Êxo. 31:18).
• Diz Paulo que a Lei Cerimonial tinha um propósito: mostrar a obra redentora de Cristo. E isso não pode ser requerido da Lei Moral. Nos Dez Mandamentos não há ordem para circuncidar, nem matar animais, ou outro ritual qualquer, os quais simbolizavam e apontavam a obra expiatória de Jesus.
• Ninguém será maldito por guardar a Lei Moral; pelo contrário, ela ajuda o homem a tornar-se elevado, nobre, de bons princípios, correto. Afinal, é a “Lei Real”. A lei do Céu (Tiago 2:8).
• A Lei Moral não tem “rudimentos”, e sim, “mandamentos”.
Paulo, referindo-se à Lei Moral, disse:
Romanos 7: 12 – “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.”
– Viu? Mandamento, e não rudimento!

Romanos 3: 31 – “Anulamos pois a lei pela fé? De maneira nenhuma; antes, estabelecemos a lei.”
Fica, por conseguinte, claríssimo que a “lei” de “rudimentos fracos e pobres” jamais pode ser a Lei Moral dos Dez Mandamentos, que é enaltecida por Paulo, e que mesmo a fé não a pode anular.
• Portanto, a Lei Cerimonial é que se enquadra no texto, pois ela, sim, tem “rudimentos”, e estes são, sem dúvidas, “fracos e pobres”, foram e são impotentes para justificar. Cumpriram sua missão e pronto. Acabou. E note o paradoxo: os rudimentos foram anulados pela fé em Cristo.
• A Lei Moral não exige a guarda de “dias” e sim de “um” dia, ordenado por Deus – o Sábado – memorial eterno do poder criador de Jeová.
• Na Lei Cerimonial havia sim: “dias”, “meses” e “anos”. Eram sete festas anuais, consideradas feriados altamente solenes, a saber:

Essas festas se davam durante o transcorrer do ano judaico. Eram datas fixas em dias móveis. Por exemplo, data fixa quer dizer: um dia de determinado mês. Dia móvel indica que esse dia podia cair em uma segunda-feira, quarta, quinta, Sábado, etc. (Assim como o nosso sete de Setembro que é feriado nacional, não cai continuadamente no mesmo dia da semana, porém, é uma data fixa – sete de Setembro). Eram “dias” guardados com tanta solenidade pelos judeus que se assemelhavam ao Sábado do sétimo dia da semana, pois que, naqueles “dias” em que caíam tais festas, toda a nação parava. Os afazeres cotidianos e seculares findavam, semelhante ao que faziam durante o Sábado do Senhor. Aliás, também eram esses “dias” apelidados de sábados (Isa. 1:13; Osé. 2:11).

OBSERVE ESTE PORMENOR:
A páscoa ocorrida na última semana de vida do Senhor coincidiu cair no dia de Sábado do sétimo dia da semana; por isso foi “grande aquele Sábado” (João 19:31). Era um sábado cerimonial, dentro do Sábado moral.
Assim que, os gálatas guardavam “dias” (eram esses feriados), “meses” (porque eram meses fixos), e “anos” (durante todos os anos, até a morte de Jesus – Heb. 10:1). Exatamente como enfatizou Paulo aos gálatas, que retornavam ao judaísmo, empurrados pelos professores judaizantes.
Portanto, nada mais claro e lógico que a “lei” insistentemente abordada por Paulo aos gálatas não é outra senão a Lei Cerimonial. É o que diz a Bíblia. Resta de sua parte, irmão, a decisão para aceitar.
O capítulo 5 de Gálatas é altamente importante, dada a sua clareza meridiana no contexto de toda a epístola, cujo tema principal abordado inegavelmente é a circuncisão.
Gálatas 5:1-4
“Estai pois firmes na liberdade com que Cristo vos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós, os que vos justificais pela lei; da Graça tendes caído.”
Pare um pouquinho, mas não tire sua atenção de Gálatas.
Vamos dar um pulinho lá em Jerusalém.
Atos 15: 5
“Alguns, porém, da seita dos fariseus... se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhe que guardassem a LEI DE MOISÉS”
GRAVE ESTE DETALHE: Paulo diz aos gálatas, que, quem “se deixa circuncidar... está obrigado a guardar toda a lei.” – Responda: Qual a lei que continha a CIRCUNCISÃO como um mandamento: Moral ou Cerimonial?
Observe que Paulo novamente enfatiza o tema central especulativo da epístola: a circuncisão. Os gálatas buscavam com “denodo e muita severidade” a justificação pelas suas próprias obras, e o apóstolo sabia que nada disso tinha valor; mesmo que eles observassem todos os ritos mosaicos com a maior sinceridade, de nada adiantaria. O homem só será justificado e salvo pela sua fé em Cristo, nada mais. Paulo então determina, como que cansado de falar, arguir e repreender: “Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará”. E isso é fácil de compreender agora, pelo estudo que fazemos de toda epístola, não é?
Cristo Jesus morreu. Sua morte cancelou a Lei Cerimonial. Agora era mister apenas exercer fé no ressurreto Filho de Deus, para que o homem fosse justificado. Isso é Graça. Se os gálatas continuassem a buscar justificação pelo cumprimento e prática das obras da Lei Cerimonial, a Graça não teria nenhum valor para eles. Por certo, “da Graça cairiam”. Por quê?
Gálatas 5:6
“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas sim a fé que opera por caridade.”
Que clareza meridiana! Que declaração límpida! Inteligível! Perceptível! Só a mente infantil, desinteressada, ou enferma, deixará de alcançar que Paulo passou toda a epístola digladiando, lutando para colocar na mente dos gálatas que o ritual da circuncisão, sendo parte integrante e saliente dos dogmas cerimoniais, perdera o seu valor e significado com o advento do Messias. Aliás, para eles isso não era uma doutrina nova; fora o evangelho que Paulo lhes pregou anteriormente. Eles haviam aceitado desta forma e até posto em prática, pois o que se depreende do versículo seguinte é isso:
Gálatas 5:7
“Corríeis bem; quem vos impediu para que não obedeçais à verdade?”

“QUEM VOS IMPEDIU...?”
Observe a enfática indagação de Paulo:

Quem?... Os professores judaizantes heréticos. Eles adoçaram sua mensagem de tal maneira, que não demorou muito e os gálatas estavam todos embevecidos e apegados à circuncisão. Os tais professores, naturalmente, devem ter-se servido de argumentos contundentes, pois que, deixar os ensinamentos de Paulo anteriormente recebidos, para aceitar aquelas ordenanças agora apagadas, sem vida ou qualquer significado cristão, é demais. Leia com atenção estes depoimentos:
“Em quase todas as igrejas havia alguns membros que eram judeus de nascença. A estes conversos os ensinadores judeus acharam fácil acesso, e, por meio deles, obtiveram apoio nas igrejas. Era impossível, por argumentos escriturísticos, subverter as doutrinas ensinadas por Paulo; por isso eles recorreram às medidas mais inescrupulosas para neutralizar sua influência e enfraquecer sua autoridade. Declararam que ele não tinha sido discípulo de Jesus e não tinha recebido dEle encargo; todavia ousava ensinar doutrinas diretamente opostas àquelas mantidas por Pedro, Tiago e outros apóstolos. Assim os emissários do judaismo tiveram êxito em alienar muitos dos conversos cristãos de seu instrutor do evangelho. Tendo obtido seu desígnio, induziram-nos a retornar à observância da Lei Cerimonial como sendo essencial à salvação. A fé em Cristo e a obediência à Lei dos Dez Mandamentos foram consideradas de importância secundária. Divisão, heresia e sensualismo rapidamente obtiveram terreno entre os crentes da Galácia.” – The Seventh Day Adventist Bible Commentary, vol. 6, pág. 1108. Grifos meus.
“A sua relação com a Lei Cerimonial (Col. 2: 15-16). As festas, os dias santos e outras observâncias cerimoniais judaicas não passam de símbolos e figuras representando Cristo. Agora, desde que Cristo veio e cumpriu os símbolos, os mesmos tornam-se desnecessários.” – Pr. Myer Pearlman (teólogo Assembleano), Através da Bíblia, pág. 293.
Novamente o paladino da verdade não se faz por esperar e levanta sua voz já quase rouca:
Gálatas 5:10,12
“Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação... Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando.”
Paulo pregara o evangelho da liberdade. Cristo concedera a liberdade facultada pelo evangelho. Fé, somente fé em Seu sacrifício. Fé e testemunho em favor de Cristo, eis tudo que era necessário. Entretanto, queriam novamente os gálatas meter-se debaixo da servidão do ritual mosaico; reviver os momentos do sistema sacrifical e da infinidade de cerimônias, agora inúteis e sem nenhuma expressão, pois Jesus Cristo, O Justo, tornara-Se a oferta viva pelo pecado, o Cordeiro Pascal e, assim, abolira a Lei Cerimonial, conforme a mesma segura e abalizada palavra do apóstolo Paulo, ouça:
Colossenses 2:14:
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária..., cravando-a na cruz.”
Efésios 2:15:
“Na Sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em Si mesmo dos dois, um novo homem, fazendo a paz.”
Foi realmente o que aconteceu. Quando exangue o Salvador expirava na cruz, lá no templo de Jerusalém o sacerdote se preparava para oficiar o ritual da tarde, alheio ao magistral acontecimento daquele fatídico dia. O cordeirinho estava amarrado sobre o altar, semelhante ao que era feito por milênios. Naquela tarde, como de costume, o animalzinho seria sacrificado. Ao bradar Jesus na cruz, “está consumado”, toda a natureza demonstrou sua repulsa pelo tétrico quadro, retirando sua luz natural, e os elementos, entrando em comoção, suspiravam pela vida de seu Criador, enquanto que, miraculosamente, o nédio cordeiro se desprende do altar e foge, deixando espavorido o sacerdote ministrante que, para seu completo torpor, nota que o véu do templo que separava o lugar santo do santíssimo, rasga-se de alto a baixo por mãos potentes e invisíveis (Mat. 27:51). Era o cumprimento in-loco de todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Em especial a de Daniel, que agora cumpre-se fidedignamente:
Daniel 9:27
“E Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e as ofertas de manjares...”
Terminara portanto o ritual que, por milênios, impressionara os judeus. Pendia altaneiro do Gólgota o Messias Jesus, a sombra e figura que apontavam todos aqueles ritos cerimoniais (Heb. 9). Por conseguinte, agora a cruz tornara-se o emblema de fé, símbolo de salvação. Findara o tempo da justificação pelas obras da Lei Cerimonial, e raiava o tempo da justificação pela fé em Cristo. E isso os gálatas rejeitavam, absorvidos que estavam pelo vento de doutrina dos “professores judaizantes”.
Paulo vai agora exteriorizar seu descontentamento abertamente, por aqueles ensinadores heréticos que, no seu entender, queriam apenas se gloriar de que leva-ram os gálatas de volta ao judaísmo, rejeitando assim a mensagem pura e genuína do Evangelho Cristocêntrico.
Gálatas 6:12
“Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.”
Paulo quer dizer que os “professores judaizantes” combatiam o cristianismo porque este exige renúncia e decisão; sobretudo vivê-lo era expor-se ao escárnio bem como à morte, riscos a que Paulo nunca fugiu (II Cor. 11:23-28). E eles não desejavam isso. Como bem dissera o apóstolo, o que não queriam era “ser perseguidos por causa da cruz de Cristo”. No entanto, na igreja pareciam verdadeiros cordeirinhos, de fala macia e gestos delicados. Tudo fingimento. O que desejavam, de fato, era minar, destruir a fé dos crentes da Galácia. Lamentavelmente conseguiram. Levaram-nos a enamorar-se da circuncisão e colocá-la em prática, em plena ascensão do cristianismo. (Conseguiram, inclusive, levá-los a se constituírem inimigos do apóstolo Paulo – Gál. 4:16).
É como hoje: Se por um lado não se corre risco nenhum de nomear-se o nome de cristão, podendo portanto testemunhar abundantemente da cruz do Salvador, há por outro, uma enorme tendência de transigir com o pecado, conformando-se com o erro, e por pouco, quase nada, deixa-se cair o estandarte ensanguentado do Filho de Deus.
Milhares também aceitam o Sábado, o 4º mandamento da Lei Moral, como o Dia do Senhor, separado e santificado para observância, mas, porque lhes faltam coragem para colocar em prática essa fé, por medo de pedí-lo ao patrão, não o observam. Fecham assim a torneira das bênçãos celestes. Desobedecem a Deus e submetem-se aos homens. Por favor, amado, não se conforme com “tostões”. Satisfaça-se só com “milhões”. Você é que determina a quantidade de bênçãos que quer. O reservatório celeste continua cheio. Fé é o meio de abrí-lo, mas uma fé operante, traduzida em obediência. Reclame a palavra empenhada do seu Poderoso Deus. Aleluia!
Ainda está na arena o paladino da verdade – o defensor do cristianismo:
Gálatas 6:13
“Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis para se gloriarem na vossa carne.”
Neste versículo, Paulo deixa claro que todo o tema e preocupação da epístola são motivados pela circuncisão. Assim aceitarão os sinceros de coração que são os “cidadãos do Céu”, porque, afirma o apóstolo, aqueles heréticos ensinadores (“professores judaizantes”) que insuflaram novamente a circuncisão na igreja dos gálatas, eles mesmos não guardavam a Lei Cerimonial, pois que esta não se compunha apenas do rito da circuncisão mas de uma infinidade de abluções, ofertas, sacrifícios e ordenanças.
Agora, prezado irmão, apelo à suprema sinceridade de seu coração anelante pela verdade, para o desfecho da epístola, que foi dramaticamente enfatizado por Paulo:
Gálatas 6:15
“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.”
Ser uma nova criatura, resgatada pelo sangue de Jesus, transformada pela fé no imaculado Salvador, era este o desejo de Paulo para os crentes da Galácia. E isso só era e é possível quando o homem crê em Cristo Jesus como seu Salvador pessoal, demonstrando sua fé através de uma vida de obediência, culminada com o ato público do batismo cristão. Portanto, cerimônias, ritos, circuncisão, eram inúteis, impraticáveis no que concerne à justificação da parte do Senhor Jesus.
“Uma nova criatura”. Eis o que Deus quer.
Você gostaria de ser uma nova criatura? Se deseja!...
Viaje em pensamento até a Igreja de Corinto, sente-se no primeiro banco, poste-se diante do Rei do Céu, pois convidamos o campeão da cruz, para pregar um grandioso sermão para você. Ei-lo:
I Coríntios 7:19
“A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus.”
Ouviu? Gravou?
Aqui, Paulo define claramente as duas leis no conflito dos gálatas. Nega com veemência a lei da circuncisão (cerimonial) e realça os mandamentos de Deus (Lei Moral).
Assim, caro irmão, descoberta qual foi a Lei que Paulo menciona insistente e exaustivamente na Epístola aos Gálatas, cuja preocupação geral foi a circuncisão, isto é, a Lei Cerimonial, resta para você uma alternativa, bem como uma oportunidade, se é que até hoje não a compreendeu: Guardar a “lei” que Paulo menciona aos coríntios, que é: A Lei Moral dos Dez Mandamentos, aquela que não muda, é eterna, (Rom. 7:12) é justa, é boa, escrita duas vezes pelo dedo de Deus (Êxo. 31:18), em tábuas de pedra, e hoje, sob o Novo Concerto, escrita nas tábuas de carne de nosso coração, conforme as palavras de Hebreus 8:10 e Jeremias 31:33.
Esta gloriosa lei que revela a condição do homem, que lhe mostra o pecado, que é sobretudo o fundamento do governo de Deus, e de Seu caráter, será a norma de justiça no grande julgamento do Senhor, o Dia do Juízo. Tiago 2:12.
Meu irmão, decisão envolve coragem. Você é corajoso. Decida-se. Siga as pisadas de seu Mestre. Ele é seu sustentáculo. Ele lhe dará poder. Você será um vencedor, ao aceitar e praticar o que diz a Bíblia.

Um comentário:

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