domingo, 10 de janeiro de 2010

O Que Você Deve Saber Sobre a Lei Cerimonial!

Quando você, irmão, repete as palavras de João: “... Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29), bem pode desconhecer suas raízes que, reportadas ao passado, alcançam o Éden. Esta expressão singela e sublime provém do âmago da Lei Cerimonial – o Sistema Provisório judaico.
Após a transgressão expressa à vontade do Criador, Adão experimentou, traumatizado, o impacto da morte de um cordeirinho, para sua pele servir-lhe de agasalho. Aquele animalzinho a seus pés, inerte, sem vida, era uma cena dantesca jamais experimentada; fugia à sua percepção. Indagativo imagina: Não viverá mais? Por que morreu? Esses pensamentos devem tê-lo perseguido por todo o tempo em que, agasalhado com a pele da indefesa vítima, protegia seu corpo da friagem noturna. Para Adão, o cordeiro morto foi uma experiência amarga, porém compreendia agora que a transgressão ocasiona a morte.
Sim, as palavras divinas: “... no dia em que nela tocares (árvore da ciência do bem e do mal) certamente morrerás” (Gên. 2:17), encontram ressonância nos escaninhos de sua alma. A morte, desconhecida para Adão, transforma-se em um espectro terrificante.
Por outro lado, Adão compreende também que o cordeirinho morto é um símbolo do Salvador que Deus prometeu enviar para resgatar o homem da maldição do pecado. O sangue que corria do indefeso animal morto prefigurava o sangue imaculado do Filho de Deus, que um dia morreria de braços abertos em uma cruz, como emblema eterno de vitória.
Com o pecado, interrompeu-se temporariamente o relacionamento íntimo que Adão e Eva entretinham com o Senhor “... pela viração do dia... ” (Gên. 3:8). O Céu distanciou-se da Terra, e esta, que deveria ser uma extensão do Céu, ficou separada da família celestial, por um grande abismo.
Entretanto, o amor de Deus não deixaria o homem só, e, já que pessoalmente não poderia privar de Sua companhia, manifestar-Se-ia ao Seu povo de outra maneira. Daí ordenar a Moisés: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êxo. 25:8). Este santuário era comumente chamado de tabernáculo. Era uma tenda com paredes de madeira, tendo o forro quatro camadas de materiais. Media 6x18m, e o pátio 30x60m. Era uma casa móvel. Quando de sua construção, Israel jornadeava pelo deserto. As tábuas não eram pregadas uma à outra, mas separadas e cada uma delas ficava em pé por meio de uma base de prata. O pátio era cercado com cortinas que pendiam de pilares fixos em base de cobre (Êxo. 38:9-20).
“O edifício inteiro, conquanto formoso e magnífico em suas linhas, revelava sua natureza transitória. Destinava-se a servir somente até ao tempo em que Israel se estabelecesse na Terra Prometida e um edifício de natureza mais estável pudesse ser erigido.”
Como de fato aconteceu mais tarde, com o suntuoso Templo de Salomão, substituído pelo de Zorobabel e este pelo de Herodes, que foi destruído no ano 70 d.C., em cumprimento à profecia de Nosso Senhor (Mat. 24:2).
O tabernáculo possuía dois compartimentos, separados por uma riquíssima cortina, também chamada véu. O primeiro compartimento era maior e chamado Lugar Santo, e tinha três utensílios: a mesa dos pães da proposição, o castiçal com 7 lâmpadas e o altar de incenso. O segundo compartimento era menor e chamava-se Lugar Santíssimo. Nele somente existia uma peça de mobiliário – a Arca do Concerto. Era em forma de caixa e media 1,00x0,60cm, mais ou menos. Sua cobertura chamava-se propiciatório. Sobre ele havia dois querubins (anjos) de ouro em “obra batida”, ficando um de cada lado, cobrindo-o com suas asas. Exatamente sobre o propiciatório, Deus Se comunicava com Seus filhos (Êxo. 25:22). Dentro da arca estavam as duas tábuas de pedra onde Deus havia escrito, com Seu próprio dedo, os Dez Mandamentos.
No pátio defronte existia uma pia gigante, onde os sacerdotes lavavam as mãos e os pés antes do serviço religioso. Também ficava no pátio o altar dos holocaustos. Nele se efetuavam todas as ofertas sacrificiais. Media mais ou menos, 3,00 x 3,00 m, com 1,50 m de altura e todo coberto de bronze (Êxo. 27:1).
Pronto o tabernáculo, foi estabelecido o sacerdócio, e, este recaiu sobre a tribo de Levi, sendo consagrados a este ministério Arão e seus filhos. Foi determinado o cerimonial, que consistia de ofertas queimadas, pacíficas, de manjares, pelo pecado e pelas culpas. Mais o serviço diário, o holocausto da tarde e da manhã, ininterruptamente; o dia da expiação e as festas de santas convocações, que eram em número de sete, conforme encontradas em Levítico 23; e os dias em que caíam, eram considerados sábados, por serem feriados religiosos revestidos de toda a solenidade e santidade do Sábado do sétimo dia da semana (Isaías 1:13 e 14; Oséias 2:11).
Estas festas eram: A páscoa, e dela só podia participar o israelita que entrou para o judaísmo pelo ritual da circuncisão. Festa dos pães asmos, festa das primícias (Pentecostes), memória da jubilação (festa das trombetas), dia da expiação, primeiro dia da festa dos tabernáculos e o último dia desta festa.
Anexo a todo este cerimonial complexo e esplendoroso, estava o ritual da circuncisão que, dentre todos, parece aquele a que mais se apegaram os judeus.
No primeiro compartimento, ministrava o sacerdote, diariamente. No Lugar Santíssimo (2º compartimento), ministrava apenas o sumo-sacerdote, e uma só vez ao ano, no dia da expiação, o Yom Kipper (Yom Kippur – 10º dia do 7º mês).
Assim, caro irmão, resumido, apresentei-lhe este conjunto maravilhoso de cerimônias e ordenanças estatuídas por Deus, revestidas de um profundo significado e todas sendo sombra e figura do Messias Jesus e de Sua obra expiatória e redentora do homem. (Leia Hebreus, capítulos 7-9).
Entre todas as cerimônias, destaco a mais impressionante, bela e terrível pelo seu significado, cuja exigência era o derramamento de sangue. Trata-se do Sistema Sacrifical. Era o seguinte: Quando algum israelita pecasse, ele deveria morrer, pois assim reclamava a lei. Veja:
Ezequiel 18: 20
“... toda alma (pessoa) que pecar, essa morrerá.”
Entrementes, Deus permitia que o pecador trouxesse ao templo uma oferta (animal), pelo seu pecado, que se transformaria em um substituto e morreria em seu lugar. O primeiro requisito do ritual do sacrifício consistia em o pecador colocar o animal sobre o altar no pátio do tabernáculo, diante do sacerdote, colocar suas mãos sobre a cabeça do animal, confessar seu pecado e, a seguir, com suas próprias mãos, imolar a indefesa vítima. Com isso, desejava Deus incutir na mente de Seu povo que, o perdão só pode ser obtido unicamente pela confissão e intercessão do sangue. Também visava o Senhor ensinar, através desse ritual marcante, a repulsa pelo pecado.
Queria Deus que a aversão ao pecado fosse tão grande que os homens procurassem evitá-lo.
“Nenhuma pessoa normal tem prazer de matar um animal indefeso e inocente e isso de modo especial se compreender que é por causa de seus próprios pecados que o animal deve morrer.”
Essa era uma das grandes lições do Sistema Sacrifical: ensinar o sacerdote e o povo em geral a aborrecer e a fugir do pecado. Porém, a maior lição que o Senhor desejava impor é que um dia o verdadeiro Cordeiro morreria por ele e nós: Jesus Cristo.
Belo, horrível e impresionante como era esse ritual, deveria produzir nos circunstantes o arrependimento e a tristeza pelo pecado, fato que, lamentavelmente, tornou-se raro.
Esse Sistema Sacrifical era, para os judeus, o seu evangelho. Evangelho que profetizava claramente o advento do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” João 1:29.
Positivamente, às 15:00 horas de uma sexta-feira, há 20 séculos, Jesus, pendente na cruz, exclama entre gritos lancinantes: “... Está consumado...” (João 19:30). Morria para dar vida a milhares que nEle crêem. Miraculosamente rasga-se o véu do templo que separava o lugar Santo do Santíssimo, de alto a baixo (Luc. 23:45); o cordeirinho que estava amarrado sobre o altar para o sacrifício da tarde solta-se, por mãos invisíveis, e foge, deixando o sacerdote espavorido, enquanto lá, no Gólgota, o centurião romano exclama: “...Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus” (Mar. 15:39). Toda a natureza demonstra repulsa pelo quadro pavoroso. O Sol retirou sua luz, os elementos entraram em comoção, provocando estranhos terremotos. O vento sibilava furiosamente. Era o Criador que morria.
Assim, amado irmão, chegou ao fim a Lei Cerimonial, cravada ali naquela cruz sangrenta. Todo aquele sistema ritualístico que prefigurava este inolvidável acontecimento do Calvário cessava, tornando-se obsoleto, porque Jesus veio, morreu e venceu, e disso certifica Paulo ao declarar:
Colossenses 2: 14
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.”
Efésios 2: 15
“Na Sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças...”
Assim como as professoras ensinam as crianças com figuras e flanelógrafos, o Senhor Deus expôs o grande Plano da Redenção através do santuário e seus símbolos. Os pães da proposição significavam que “Jesus é o pão da vida” (João 6:48).
O candelabro com 7 lâmpadas acesas significava que “Jesus é a luz do mundo” (João 8:12). O incenso queimado no altar, sua fumaça simbolizava os méritos de Cristo.
A função de sacerdote seria desempenhada por Jesus ao ascender ao Céu, e a de Sumo-Sacerdote após o ano de 1844, quando se deu a purificação do santuário celestial (Heb. 4:14).
Sim irmão, tais detalhes revelam o glorioso Plano de Redenção da raça humana. O salmista tem razão ao afirmar: “O Teu caminho ó, Deus, está no Santuário...” Salmo 77:13.
Abraço!!!

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