quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pregar aos Espíritos em Prisão

I Pedro 3:19-20: “No qual também foi, e pregou a espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.”
Três grupos “disputam” este texto no intuito de abonar suas doutrinas. O grupo espírita, para aceitar a existência de “espíritos desencarnados, encarnação” etc.
O grupo evangélico para advogar a imortalidade inerente da alma.
Já os católicos nestes versos se apóiam para provar o purgatório.
Muitos, assim, entendem que em um espaço entre Sua crucifixão e ressurreição, Jesus pregou aos supostos “espíritos desencarnados” dos antediluvianos.
Efetivamente, tal texto deve ser analisado sob a luz de outros textos paralelos para descobrir-se a verdade e o que pretendia Pedro em sua explanação. Antes, porém, você não deve prescindir da eterna verdade que a Graça finda por ocasião da morte da pessoa, e não há, em hipótese alguma, segunda oportunidade de arrependimento para o pecador, após seu falecimento. Com a morte cessam as oportunidades de salvação. Heb. 9:27; Ecl. 9:10; Gál. 6:10.
Diz a Bíblia que a alma é mortal (Eze. 18:20), e que os mortos estão com a consciência apagada na morte (Sal. 146:4; Ecl. 9:5 e 6; Jó 14:14 e 21; João 11:11; I Tess. 4:13). Não há esperança alguma de os mortos aceitarem a salvação (Isa. 38:18 e 19).
Por conseguinte, é horrível admitir que na sepultura haja seres conscientes, capazes de ouvir e aceitar o evangelho. Pior ainda com referência aos contemporâneos de Noé que foram afogados pelas águas do dilúvio.
Ademais, aceitar que Cristo pregou a “espíritos desencarnados” dos antediluvianos no hades (sepultura-inferno), é aceitar, de certa forma, a estranha doutrina do purgatório.
Fosse também verdade que tal pregação se deu, teremos de admitir que Jesus agiu com parcialidade, isto é, concedeu segunda oportunidade de salvação aos pecadores do tempo de Noé e aos demais pecadores de outra geração, não. Até Lúcifer, assim, teria razão ao reivindicar segunda chance de perdão.
Ora, o próprio Senhor assegurou que o único pecado que não tem perdão é o pecado contra o Espírito Santo (Mat. 12:31). E este pecado é a resistência sistemática e deliberada aos apelos dEste divino Ser. A pessoa que comete tal pecado, está selada para a perdição.
Os antediluvianos tiveram cento e vinte anos de Graça (Gên. 6: 3). Todo esse tempo o Espírito Santo apelou insistentemente aos seus corações através do pregoeiro da justiça – Noé (II Pedro 2:5); e estes, rebelados, resistiram, recusaram a longanimidade de Deus, até que a paciência divina esgotou-se e, assim, cometeram o pecado imperdoável. E, se é imperdoável, não pode haver segunda oportunidade de perdão nem mesmo vivo, quanto mais morto.
Finalmente, Pedro não diz que eram “espíritos desencarnados”. Informa apenas: “espíritos”. Portanto, nesta assertiva do apóstolo, o lógico e razoável é aceitar que o “espírito” é um símbolo de pessoa. Exemplo:
Meu espírito significa mim, eu.
Teu espírito significa tu, você.
Adam Clark, concluindo pela impossibilidade de se tratar de “espíritos desencarnados” diz que a frase “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Heb. 12:23) “certamente se refere a homens justos, e homens que se acham ainda na igreja militante; e o Pai dos ‘espíritos’ (Heb. 12:9) tem referência a homens ainda no corpo; e o ‘Deus dos espíritos de toda a carne’ (Núm. 16:22; 27:16) significa homens, não em estado desencarnado.” – Clarke’s Commentary, Vol. 6, pág. 862.
Eminentes teólogos partidários da doutrina imortalista, recusam a teoria de que Pedro, neste texto, ensina a imortalidade da alma. Eis alguns: Dr. Pearson, da Igreja Anglicana, diz:
“É certo pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos dias de Noé eram desobedientes, em todo o tempo em que a ‘longanimidade de Deus esperava’ e, consequentemente, enquanto era oferecido o arrependimento, e é igualmente certo que Ele nunca lhes pregou depois de haverem morrido.” – Exposição do Credo, Dr. João Pearson, grifos meus.
Agora o testemunho de João Wesley:
“Por meio de que Espírito Ele pregou? – Através do ministério de Noé, aos espíritos em prisão, isto é, os homens perversos antes do dilúvio. ... Quando a longanimidade de Deus esperava. Durante cento e vinte anos, por todo o tempo em que estava sendo preparada a arca; quando então Noé os admoestava a que fugissem da ira futura.” – Explanatory Notes Upon the New Testament, pág. 615.
Finalizando, irmão, a obra de Jesus foi a “abertura da prisão aos presos” (Luc. 4:18-21; Isa. 42:6,7 e 6; 61:1). Toda pessoa desobediente está presa ao pecado (Prov. 5:22). Pecado é a prisão de Satanás. Quem morre no pecado está irremediavelmente preso até o juízo final. Heb. 9:27.
Seguramente, os apelos ao arrependimento feito por Jesus aos homens de Seus dias, foram os mesmos veementes apelos feitos por Noé em sua época. Em outras palavras: Jesus Cristo pregou aos antediluvianos pelo Espírito Santo através do ministério de Noé, durante o tempo de construção da arca; 120 anos.
Abraço!!!

2 comentários:

  1. Excelente texto, irmão. Só um lembrete: Quando Deus Mandou Noé construir a arca já havia condenado a humanidade ao dilúvio. Vejamos: Não contenderá pra sempre o meu Espírito com o homem... Seus dias de vida serão 120 anos (estes são os anos em que Nóe construiu a arca). Na ocasião o pacto foi feito apenas com Noé; não com a humanidade.

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  2. Irmão Hugo, vejo que o irmão não atingiu o ponto certo sobre o significado das declarações de Pedro.

    Irmão, veja isso: Antes do dilúviu os anjos (os "filhos de Deus", sim os "espíritos") cometeram pecados de fornicação com as mulheres terrestres e, assim, Deus os puniu com uma espécie de 'prisão' para anjos. Estão ali até o "grande dia do julgamento".

    Jesus pregou a estes 'espíritos' irmão. Não foi a supostos espíritos de homens, conforme o irmão raciocinou bem, nem tampouco pregou aos homens e mulheres de antes do dilúviu através da pessoa de Noé, conforme o irmão entende.

    Não, terminantemente a resposta às palavras de Pedro encontra-se na explicação de que, Jesus, logo após ser ressuscitado em espírito (sua carne ele 'deu uma vez para sempre') foi e pregou, "neste estado", aos seus anteriores irmãos espirituais que pecaram nos tempos do dilúviu, conforme lemos no Gênesis 6:1-10.

    Estes "Filhos de Deus", os "espíritos" a quem Jesus pregou, receberam o mesmo convite que nos foi dado: 'se obtiverem fé no sangue derramado de Jesus, poderão ser reconciliados com Deus novamente. E como podemos chegar a esta conclusão aparentemente absurda?

    Simples. Leia Colossenses 1:16-22 e minha explicação sobre isso no meu blog, com este título: "Boas Novas aos anjos pecadores":

    http://estudopessoal.blogspot.com/2011/01/boas-novas-aos-anjos-pecadores.html

    Abraços,

    Wandrey

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